Gostava de não fazer uma complicação de tudo, mas acontece que esse é o meu charme natural. Para não variar, também faço uma complicação quando se trata de livros, seja na hora de comprar ou de ler.
Isto de comprar livros deixa-me com rugas precoces. Nunca sei se hei-de seguir um plano ou não, porque a verdade é que seguir o plano só vai fazer-me comprar poucos e caros em cada mês. Se deitar tudo para trás das costas, talvez saia de uma livraria de segunda mão com, no mínimo, quatro livros.
Ler é a mesma coisa. Quero ler as colecções seguidas para não acumular, mas também quero imenso começar novas e, claro, tenho um monte de livros que não pertencem a colecções, mas que também merecem ser lidos.
Eu era inteligente se lesse primeiro todos os que tenho em formato digital e físico, antes de comprar mais. Mas não consigo simplesmente juntar o dinheiro para mais tarde porque eu preciso de ter em formato físico os livros dos quais já sou fã e também preciso de comprar novos para sentir-me realizada. A quantidade de livros a amontoar nas estantes de madeira ou virtuais não me pára.
Basta! Cheguei à conclusão de que o stress literário vai manter-se de qualquer forma...portanto, é melhor ser prudente e arranjar algum bom senso. Prometo que só torno a comprar livros depois de ter lido todos os que tenho aqui parados!
Gosto muito de falar sobre livros em contextos mais descontraídos como no Tumblr ou redes sociais do género. Não gosto tanto de falar de livros com quem se entende por conhecedor de literatura - e olhem que as percepções que temos acerca de nós mesmos quase nunca correspondem à realidade; já tentei procurar por grupos de discussão portugueses no goodreads e desiludi-me bastante.
Não tenho nada contra professores e doutores, entenda-se. Tiro até especial prazer das conversas de alguns adultos com uma bagagem literária mais extensa do que a minha, mas não suporto snobs literários.
Nota: Tenho a minha quota parte de snob (literária e em tudo o resto).
Há esta ideia errada de que as mulheres gostam de ler romance. Eu gosto de ler romance, mas não acho que deva reduzir-me apenas a esse género. Há quem goste de ler erótica - e aí aparecem os meus amigos de nariz empinado, dizendo que não, não, erótica não é literatura; Eu não gosto de Fifty Shades, não por ter erótica, mas por um conjunto de outras razões. No entanto, tendo a pôr-me à escuta quando alguém critica o livro, porque quero perceber quantas das recriminações se devem aos meus motivos e quantas se devem simplesmente aos preconceitos que há em relação à erótica. O que também incomoda é que uma mulher a ler erótica é quase sempre um caso chocante e eu não percebo de onde provém o choque.
Muitas coisas me irritam, a sério, mas entre a lista das mais irritantes estão aquelas pessoas que apontam os dedos a X livro porque não é literatura a sério. Agora, como disse, eu mesma tenho um pouco de snob literária. Torço o nariz quando me dizem que só gostam de literatura light, às vezes por mau humor, outras pela desilusão de não partilharmos os mesmos gostos e outras simplesmente porque acho que a pessoa está a perder ao limitar-se a uma lista restrita de livros e autores. Mesmo assim, eu leio literatura light, como leio clássicos aclamados, como leio manga.
O que não gosto mesmo nada é de quem se tem lá nas alturas e gosta de olhar desdenhosamente cá para baixo - quem desdenha quer comprar, não é? -, isto em relação àqueles que só lêem o que vem nos manuais. Não quero limitar-me aos manuais, não quero ler pelo prestígio do autor, quero dar oportunidade aos novos autores. E esses livros que dizem ser tão bons têm complicações quando introduzidos no mundo moderno. Não quero ler apenas livros com protagonistas masculinos a fazer grandes coisas, para começar.
Queria somente dizer que me irrita quem pensa que sabe tudo. Os meus gostos são melhores que os teus, eu leio os grandes autores, eu sou intelectual e tu não...alongava-se mais se eu deixasse. É certo que ninguém diz isto de caras, mas a atitude e as mensagens entrelinhas estão lá.
Era perfeito se toda a gente lesse, então não quero saber o que lêem desde que o façam. Perfeito, perfeito era tirarmos a cabeça da matrícula traseira e abrirmos os nossos horizontes. Gosto de pessoas eclécticas, mas isto sou só eu.